O segundo trimestre de 2025 foi marcado por uma escalada de tensões geopolíticas e pelo fortalecimento de alianças estratégicas entre grandes economias, com respostas coordenadas dentro de blocos regionais. Diante do agravamento dos conflitos, observou-se uma reorganização política voltada para interesses militares, mas sem avanços concretos no caminho da pacificação. O bloco europeu, por meio dos países-membros da OTAN, defendeu o aumento dos investimentos em defesa, enquanto, no Oriente Médio, a intensificação da violência resultou em uma crise humanitária de grandes proporções. Em um cenário global já pressionado por medidas de combate à inflação, o recrudescimento das disputas comerciais ao longo do período tende a comprometer o desempenho do PIB mundial em 2025.
Para a economia americana, o fechamento do primeiro semestre apontou baixo crescimento com uma economia mais frágil do que o esperado. Apesar do leve crescimento do PIB e controle da inflação, de acordo com a avaliação do banco central americano, o FED (Federal Reserve), o mercado de trabalho fechou o semestre em desaceleração. No entanto, a confiança do consumidor e dos investidores se tornou um ponto de atenção, com desafios no segundo semestre, como a desaceleração dos investimentos e a tendência de retração do consumo interno, impulsionada também por novas imposições tarifárias. Mantendo uma política monetária ainda restritiva e influenciada por medidas comerciais mais protecionistas, o mercado interno seguiu pressionado. Observou-se aumento no uso de cartões de crédito e na inadimplência, acompanhados por uma redução no volume de financiamentos às famílias. No setor imobiliário, o primeiro semestre encerra com baixa demanda e leve aumento da oferta. Devido às altas taxas hipotecárias e preços elevados que estão cedendo lentamente, a comercialização de imóveis usados caiu 5,4%, segundo dados da National Association of Realtors (NAR), enquanto os lançamentos recuaram 9,8%, impactados pelo alto custo de importação de insumos como aço, alumínio e cobre. Com esse cenário, ativos problemáticos voltaram a ganhar atratividade no mercado americano e a contração das atividades imobiliárias e a diminuição da acessibilidade à moradia tornaram mais desafiadora a recuperação do setor. A expectativa de melhora, antes apoiada na possibilidade de cortes de juros pelo FED ainda no terceiro trimestre, passou a depender fortemente da direção da nova política comercial no segundo semestre.
Na zona do Euro, o início do segundo trimestre indicou uma retomada gradual da economia nos países do bloco, conforme projeções do Banco Central Europeu (BCE), impulsionadas pelo corte progressivo das taxas de juros. Esse cenário favoreceu a valorização do euro, a melhora das taxas de desemprego e a flexibilização do crédito às famílias. No entanto, ao fim do primeiro semestre, os riscos associados ao aumento das tarifas impostas pelos EUA impactaram negativamente os países do bloco, de forma moderada a intensa, comprometendo as previsões de crescimento para o próximo período. Os líderes europeus se reuniram para discutir os efeitos comerciais dessas medidas e buscar avanços em direção a um possível acordo. No mercado imobiliário, o volume de investimentos apresentou melhora no primeiro semestre, com destaque para os ativos residenciais, especialmente em empreendimentos bem localizados voltados para locação, como os segmentos multifamiliar e estudantil. O novo desafio para o setor está relacionado à regulamentação de novos projetos, que se tornaram mais rigorosos, com foco em eficiência energética e sustentabilidade. Soma-se a isso a escassez de mão de obra qualificada e as taxas de financiamento ainda elevadas para uma parcela significativa das famílias. Além disso, há escassez de imóveis usados disponíveis e desafios para novos lançamentos, já que os interesses recentes do mercado têm se voltado à renovação de edifícios antigos.
Na China, apesar de a economia ter registrado um crescimento de 5,2% no segundo trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, os indicadores mostraram sinais de desaceleração em comparação ao primeiro trimestre. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelo consumo interno e pela produção industrial, que se manteve acelerada como resultado de um plano governamental que subsidia a troca de bens de consumo, oferecendo descontos de até 20%, o que estimulou a atividade industrial. Como as novas imposições tarifárias impactam diversos países com fortes vínculos comerciais com a China, analistas mantêm cautela ao revisar as projeções de crescimento do PIB para este ano. Ainda sob os efeitos de um possível enfraquecimento nas exportações, o país registrou queda nos preços dos imóveis e baixo interesse dos consumidores por financiamentos habitacionais. Para impulsionar o setor da construção, o governo pretende reagir com maior investimento em infraestrutura e cogita lançar novos modelos de flexibilização da aquisição de moradias no próximo período.
No contexto interno, o segundo trimestre de 2025 refletiu um ritmo de desaceleração da atividade econômica, ainda que o mercado de trabalho permanecesse resiliente diante de uma política monetária mais restritiva. A revisão para cima nas projeções dos setores de serviços e agropecuária contribuiu para atenuar o impacto da retração observada na indústria, que continuou apresentando sinais de enfraquecimento. A piora na percepção de risco fiscal e os eventos pontuais no segundo trimestre gerou ruído político e ampliou a desconfiança quanto à condução da política econômica, à previsibilidade fiscal e à segurança institucional. Paralelamente, as incertezas geopolíticas intensificaram a aversão ao risco, levando os investidores a adotarem uma postura mais seletiva e cautelosa na alocação de recursos, especialmente em mercados emergentes. E, embora o governo tenha mantido uma agenda de estímulo ao crédito imobiliário voltado à classe média, os efeitos dessa política foram limitados pelo elevado custo do financiamento. Em contrapartida, o segmento de imóveis de alto padrão encerrou o semestre com demanda ainda consistente, embora em ritmo mais moderado, reforçando seu papel como alternativa de alocação patrimonial em um cenário de maior incerteza.
Denise Ghiu
Chief Data Officer
Bossa Nova Sotheby's International Realty
Esta é uma publicação pioneira sobre o mercado de alto padrão que tem por objetivo oferecer aos nossos clientes e empresas do setor um cenário mais abrangente sobre os principais acontecimentos que podem ajudar a decisão do proprietário, do comprador e dos investidores através da viabilização dos dados e análises sintéticas sobre os negócios concretizados, anúncios, lançamentos e locação nos bairros mais nobres na cidade de São Paulo.
Boa leitura!