Os conflitos no Oriente Médio que persistiram durante o ano de 2024, demonstrando fortes sinais de instabilidade geopolítica e econômica na região, avançaram no último trimestre do ano com mais incertezas sobre o futuro. Isso porque o impacto direto dos países envolvidos e seus vizinhos com efeitos do aumento do preço do barril do petróleo por um período mais prolongado gerou momentaneamente instabilidade nos mercados financeiros, além disso, a crise foi amplificada pela intervenção direta de potências estrangeiras que tornaram o ambiente ainda mais desafiador para a economia global, mas com alguma esperança de pacificação.
O último trimestre foi um período decisivo sobre o corte dos juros pelo FED (Federal Reserve Bank) e a economia americana fechou o ano com uma inflação controlada e sem sinais para o risco de uma recessão. Com uma proposta do novo governo para uma política monetária mais protecionista e projeção de cortes menores dos juros, a moeda americana fechou o ano mais valorizada, pressionando os mercados emergentes. Para o mercado imobiliário, o aumento das taxas hipotecárias e de empréstimos, altos custos de construção de novas moradias e, também para reformas, adiaram o sonho de muitos americanos. Além da pouca disposição dos proprietários que adquiriram imóveis com taxas mais baixas na pandemia colocarem seus imóveis à venda, a falta de opções financeiras refletiu menos ofertas no mercado e alta nos preços dos imóveis com impacto direto no mercado de locação. A entrada de um grupo mais jovem no mercado de trabalho e a demanda reprimida que se acumula desde o início da subida dos juros, pressiona o novo governo para a implementação de uma regra mais específica para os novos contratos. Para o segmento de alto padrão, no entanto, o mercado manteve-se aquecido no período e comemora crescimento pelo segundo ano consecutivo.
Na zona do Euro, de acordo com dados das autoridades do BCE (Banco Central Europeu), o controle da inflação ainda caminha para o centro da meta e os países que compõem o bloco tiveram percepções diferentes de crescimento. No entanto, ainda é considerada uma economia desaquecida num cenário comercial ainda frágil, e possíveis medidas protecionistas dos parceiros comerciais podem representar um desafio maior no próximo período. No segmento imobiliário, os preços ainda são considerados altos e os custos do crédito para aquisição de imóveis fechou o ano com perspectiva de se tornar mais atraente, na medida em que o acesso ao financiamento acompanha as decisões de taxas menores. Outro desafio do mercado é o desequilíbrio entre a oferta e a demanda, refletindo aumento dos valores de locação em alguns países e, em outros, equiparando os custos de financiamento aos valores de locação.
Na China, embora os últimos dados econômicos divulgados apontem para uma tendência de maior estabilidade econômica do que crescimento frente ao cenário internacional, são fatores internos mais complexos que comprometem a confiança dos consumidores e das empresas. O plano do governo em manter uma balança comercial favorável com as exportações foi impactado por políticas externas mais protecionistas e as medidas para impulsionar a economia no último trimestre do ano através de estímulos para o aquecimento do mercado imobiliário, que representa uma participação significativa no PIB do país, foram consideradas insuficientes para uma saída mais sustentável da crise imobiliária que persiste por dois anos. O plano estratégico nacional, que inclui financiamento às incorporadoras escolhidas pelos governos locais para conclusão de obras inacabadas, enfrenta a baixa demanda do consumidor para aquisição de imóveis.
No cenário doméstico, a procura por melhorias na gestão das finanças públicas representadas pela reforma tributária que visa ampliar a arrecadação e a aprovação de um pacote de medidas fiscais pelo governo para contenção dos gastos foram consideradas pelos analistas como insuficientes para gerar um equilíbrio fiscal sustentável, causando momentos de alta volatilidade do dólar e reação negativa no mercado financeiro no último trimestre do ano. A reforma tributária que será implantada de modo gradativo, impacta toda cadeia produtiva, incluindo a construção civil e o mercado imobiliário. Apesar de fatores positivos como estimativa maior para o crescimento do PIB e queda consecutiva da taxa de desemprego, o setor chegou ao último trimestre com problemas estruturais, como escassez de mão de obra e baixo investimento no processo de industrialização. Com as novas diretrizes do Banco Central (BC), a subida dos juros altera novamente as taxas de financiamento para a construção e aquisição de novas moradias, principalmente no segmento do médio padrão e pressiona o mercado de locação. Nos extremos, o segmento popular apresentou desempenho superior ao projetado e o alto padrão seguiu aquecido para os negócios, replicando os resultados do ano anterior, tanto para o mercado secundário quanto para o primário. Como estratégia, o segmento de alto padrão mobilizou fundos alternativos de financiamento para o desenvolvimento de novos empreendimentos, contribuindo para os resultados positivos de 2024, cuja viabilidade e parceria tornou-se mais comum e atraente entre investidores e incorporadoras no atendimento desta demanda.
A continuidade deste ciclo positivo não só dependerá de fatores externos, mas também da confiança e da capacidade dos empresários do setor para uma adaptação ao novo cenário macroeconômico, no uso e aplicação da tecnologia para o desenvolvimento de projetos sustentáveis e em soluções que apoiem toda a cadeia produtiva.
Denise Ghiu
Chief Data Officer
Bossa Nova Sotheby's International Realty
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Boa leitura!