Para acompanhar o ritmo do mercado, é preciso ter Bossa

O terceiro trimestre do ano que foi marcado pelo agravamento dos conflitos no Oriente Médio, sem sucesso dos interlocutores ativos no suporte efetivo à pacificação, evoluiu para uma escalada das tensões e ataques sucessivos desencadeando, como consequência, um período de mais incertezas sobre o futuro geopolítico e econômico na região. Os contornos da guerra deflagrada em operações militares cada vez mais robustas gera temor em seus vizinhos e no Ocidente, pois além dos embates que reforçam a crise humanitária e o fechamento de rotas comerciais importantes na região interferem no preço do barril do petróleo e de outros produtos do comércio internacional. Além disso, uma situação de dependência energética e comercial da Europa e do Ocidente pode afetar os planos de controle da inflação de algumas economias em curto e médio prazo.

No contexto internacional, a política monetária contracionista americana mostrou sinais mais evidentes de desaquecimento na economia no período, principalmente em relação ao mercado de trabalho, com indicadores em queda em relação ao segundo trimestre. E, apesar dos resultados positivos do PIB, refletiu a necessidade de uma descompressão inicial das taxas de juros pelo FED (Federal Reserve Bank), que acenou para um ligeiro alívio nos mercados emergentes, principalmente com relação aos investimentos frente ao enfraquecimento momentâneo do dólar. Na zona do Euro, o início dos cortes da taxa de juros pelo BCE (Banco Central Europeu) contribui para que a inflação se aproxime do centro da meta e, apesar das previsões de mais dois cortes ainda neste ano e, outro no início do próximo ano, estima-se que apenas em meados de 2025 os resultados destas ações tragam efeitos para uma recuperação econômica mais sustentável. É o receio de um período mais recessivo que sugere a urgência de novos cortes para tentar fortalecer uma economia num cenário de desinflação acentuada, intensificada pela baixa da confiança dos consumidores. Na China, o Banco Popular da China acenou novos cortes da taxa de juros, porém de forma mais moderada, pois os resultados no terceiro trimestre ainda retratam uma economia frágil. Apesar do aumento das exportações e investimentos na indústria, houve desaceleração dos investimentos em infraestrutura e redução acentuada dos empréstimos pelas famílias e do consumo em geral, mantendo a tendência de um período mais prolongado de estagnação para a economia.

No mercado imobiliário, o contexto econômico americano marcou um início do terceiro trimestre com sinais evidentes de contração da construção de moradias, com encolhimento da demanda por unidades novas que foi inicialmente alavancada pela escassez de residências usadas à venda como consequência das taxas hipotecárias quando os juros permaneceram elevados. Com ligeira melhora no ambiente de negócios com hipotecas, o número de unidades novas apresentou queda da produção no período e o mercado segue com demanda reprimida e preços elevados para imóveis residenciais. O altíssimo padrão, no entanto, apresentou aquecimento para os negócios em algumas cidades, recuperando uma fatia importante do setor e trazendo um pouco mais de confiança para este segmento. Na zona do Euro, apesar das diferenças regionais para o mercado imobiliário, a perspectiva é que fatores como o recuo das taxas de juros pelo BCE e a estabilização do rendimento das famílias sejam suficientes para impulsionar a demanda. Além disso, taxas de juros menores podem contribuir para recuperar o mercado de novos que tiveram um aumento dos valores mais significativo, tendo em vista o aumento dos insumos e da mão de obra. Em contrapartida, o mercado de usados apresentou redução dos valores pedidos, pressionado pelos juros e pela restrição da concessão de crédito. Na China, o mercado imobiliário prossegue sob efeito de uma crise prolongada no setor, após quedas acentuadas e sucessivas evidenciadas pelos indicadores do setor imobiliário em que o segmento mais atingido foi para as novas construções, pela primeira vez no terceiro trimestre, mostra um período com tendência à estagnação. Mas, ainda é prematuro atribuir que o cenário atual estaria relacionado somente aos efeitos de modestas medidas governamentais, como relaxamento das regras e redução das taxas do financiamento imobiliário para as novas moradias.

No ambiente doméstico, a economia demonstrou resiliência, com resultados positivos no mercado de trabalho e um balanço comercial favorável ao PIB. Apesar do contexto internacional, marcado pela flutuação do preço do barril de petróleo e pela volatilidade do dólar, a previsão de uma crise climática, que pode impactar a geração de energia e a produção de alimentos, torna esses fatores preocupantes para o retorno da inflação no próximo período. Em resposta, o Banco Central do Brasil (BCB) já sinaliza a elevação da taxa de juros Selic, com o objetivo de frear o consumo interno, limitar o crédito às famílias e incentivar a poupança. Para a grande maioria dos consumidores, no entanto, a elevação das taxas de juros terá impacto na disponibilidade de crédito e novas regras de financiamento imobiliário, tende a aumentar a demanda reprimida por moradias e, como consequência, mantêm os aluguéis mais elevados.

Assim, embora a valorização dos imóveis tenha fechado o terceiro trimestre acima da inflação, a recente mudança na política monetária pode influenciar toda cadeia produtiva e a liquidez dos imóveis no mercado, envolvendo muito mais o ambiente de confiança do consumidor do que dos empresários, pois estes seguem com otimismo quanto aos lançamentos de alto padrão no próximo período. Enquanto o mercado primário se prepara para aumentar a oferta destas unidades com torres mais altas facilitadas pelo novo plano diretor em bairros mais valorizados, o mercado secundário permanece aquecido com 32% a mais de negócios fechados de alto padrão em relação ao 3º trimestre de 2023, evidenciando boas oportunidades de investimento.

Denise Ghiu

Chief Data Officer

Bossa Nova Sotheby's International Realty

Sobre o Snapshots

Esta é uma publicação pioneira sobre o mercado de casas de alto padrão que tem por objetivo oferecer aos nossos clientes e empresas do setor um cenário mais abrangente sobre os principais acontecimentos que podem ajudar a decisão do proprietário, do comprador e dos investidores através da viabilização dos dados e análises sintéticas sobre os negócios concretizados, anúncios, lançamentos e locação nos bairros mais nobres na cidade de São Paulo.

Boa leitura!