No cenário internacional, decorrido alguns meses das medidas tomadas para o controle da inflação em diversas economias, principalmente na Europa, nos EUA e na China, os reveses da decisão da manutenção dos juros em alta no terceiro trimestre produziram reflexos de forma desigual no mercado imobiliário, conforme a dimensão alcançada em cada localidade.
Na zona do Euro, por exemplo, desde o aumento dos juros, o descolamento entre valores anunciados e transacionados estão maiores, a oferta de imóveis avolumou e o mercado de locação está mais aquecido; enquanto isso, o lançamento de novas moradias enfraqueceu durante esse período.
Nos EUA, os indicadores oficiais registraram um início de terceiro trimestre mais negativo para o setor e, em algumas cidades que são consideradas referências do mercado imobiliário, houve queda na venda das propriedades e retração substancial do número de anúncios. Por outro lado, o mercado de locação mostrou-se mais resiliente e parece ter ajudado os compradores a postergar sua decisão de compra.
Na China, os dados oficias do mercado imobiliário, que apontam uma leve recessão na produção e no repasse das unidades residenciais, são contestados pelos especialistas, que afirmam que a metodologia de pesquisa não consegue aferir os números reais do mercado. A crise parece ser mais profunda, com possibilidade de grande impacto na economia do país, o que é reforçado pelos preços dos imóveis que continuam em queda acentuada.
Para o mercado nacional, o cenário interno no mesmo período foi marcado por algumas medidas significativas no campo da economia, entre elas aquela que era a mais esperada pelo mercado e corresponde ao início da queda das taxas de juros. Essas medidas, em conjunto com outras deliberações, como a aprovação das diretrizes de investimentos na infraestrutura e os esforços para mitigar o endividamento das famílias e das empresas, contribuíram para aumentar o índice de confiança dos empresários do setor em geral. No segmento específico das edificações, os indicadores sobre imóveis novos para o mercado de alto padrão apresentaram crescimento no volume de unidades lançadas, com melhor desempenho de vendas no início do terceiro trimestre. Para o mercado de usados, o fechamento do trimestre apontou um volume de negócios mais brando e resiliente quanto ao valor dos negócios fechados.
Muito embora um recuo mais robusto dos juros não se concretize a curto prazo e, isoladamente, não seja sinônimo de crescimento, os primeiros ajustes representaram alguma melhora no ambiente dos negócios e a expectativa é que os próximos passos e resultados sejam sustentáveis.
O fechamento do terceiro trimestre evidenciou não só a própria complexidade do momento econômico global, mas também a demanda e o potencial do mercado interno, que ficou mais atraente aos investidores que já consideram mais próximo o início de um novo ciclo.
Denise Ghiu
Chief Data Officer
Bossa Nova Sotheby's International Realty
Esta é uma publicação pioneira sobre o mercado de casas de alto padrão que tem por objetivo oferecer aos nossos clientes e empresas do setor um cenário mais abrangente sobre os principais acontecimentos que podem ajudar a decisão do proprietário, do comprador e dos investidores através da viabilização dos dados e análises sintéticas sobre os negócios concretizados, anúncios, lançamentos e locação nos bairros mais nobres na cidade de São Paulo.
Boa leitura!